SINTES-DF notifica Sinpaf Nacional sobre redução de diárias de viagens dos funcionários

A recente decisão do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) de reduzir as diárias de viagem de seus funcionários é, sem dúvida, uma medida que deve ser amplamente repudiada. O Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais no Distrito Federal (Sintes-DF), de forma legítima, notificou o Sinpaf sobre essa resolução interna, que não só afeta os trabalhadores da sede em Brasília, mas também evidencia uma postura questionável por parte da liderança da instituição.

Clique aqui e leia o parecer jurídico do SINTES-DF.

Clique aqui para ler a resolução do Sinpaf.

A resolução, assinada somente pelo presidente nacional e pelo diretor administrativo-financeiro do Sinpaf, que reduziu o valor das diárias de R$ 250 para R$ 175, reflete uma visão de gestão que prioriza a contenção de custos, mas em detrimento do bem-estar e da dignidade dos trabalhadores. Além disso, essa medida atinge apenas os funcionários da sede em Brasília-DF, sem qualquer repercussão sobre as diárias de diretores, convidados, filiados ou autônomos, o que cria um cenário de desigualdade flagrante. Se a intenção era cortar gastos, por que a escolha seletiva de atingir apenas os trabalhadores da base? A questão que fica é: a contenção de despesas está sendo aplicada igualmente para todas as partes envolvidas nas viagens, ou apenas para quem já está sobrecarregado com as tarefas operacionais?

É importante destacar que os trabalhadores do Sinpaf em Brasília têm um papel crucial nas atividades do sindicato. Eles são os responsáveis pelo suporte logístico, tecnológico, jurídico e de cobertura jornalística nos eventos deliberativos que o Sinpaf organiza em diversas regiões do Brasil. Portanto, as condições de viagem — incluindo hospedagem, alimentação e transporte — não são diferentes das enfrentadas por diretores ou outros envolvidos nas atividades sindicais. A redução das diárias, portanto, não é apenas uma medida punitiva para os trabalhadores, mas também um desrespeito ao valor e à contribuição destes profissionais para o bom funcionamento da organização.

O SINTES-DF, ao realizar seus cálculos, mostrou que a economia gerada por essa mudança seria irrisória: R$ 4.800 anuais com as plenárias, um valor pífio para um sindicato da grandeza do Sinpaf. Vale lembrar que, além disso, já houve uma redução na folha de pagamento do Sinpaf em 2024, com a demissão de um funcionário de TI e de outras duas profissionais de comunicação e assessoria jurídica (que pediram as contas), sendo substituído apenas o analista de TI por um estagiário. Ou seja, os custos com pessoal já foram drasticamente reduzidos, o que levanta a dúvida sobre a real necessidade dessa nova medida de contenção.

Essa resolução é ainda mais questionável quando se observa que, nos últimos anos, os trabalhadores da Diretoria Nacional do Sinpaf em Brasília-DF já enfrentam sérias dificuldades. Estão há quase sete anos sem aumento real (ao longo das duas últimas gestões, 2019-2022 e 2022-2025), com as cláusulas econômicas sendo recompostas apenas pela inflação. Além disso, o acordo coletivo de trabalho, que deveria garantir o cumprimento das normas internas do Sinpaf, foi desrespeitado pela criação de uma resolução específica que afeta exclusivamente os empregados.

O pior de tudo é que a decisão foi tomada de forma arbitrária, sem qualquer consulta ou diálogo com o SINTES-DF, o sindicato que representa os trabalhadores. A resolução foi imposta “na calada do expediente”, sem qualquer aviso prévio ou conversa com a entidade que deveria ser ouvida, o que demonstra total falta de transparência e respeito pela categoria. Esse comportamento reforça a sensação de que a gestão do Sinpaf está cada vez mais distante das necessidades e da realidade dos seus trabalhadores.

É fundamental que os dirigentes do Sinpaf revejam essa decisão, dialoguem com os representantes dos trabalhadores e busquem soluções mais equilibradas e justas para enfrentar os desafios financeiros da instituição. Cortar benefícios de quem já está sobrecarregado é uma estratégia que, no final das contas, gera mais desgaste e desmotivação, sem trazer benefícios significativos à organização. O verdadeiro desafio do Sinpaf deveria ser encontrar maneiras de investir no fortalecimento da sua base de trabalhadores, garantindo melhores condições de trabalho e valorização profissional, ao invés de adotar medidas que precarizam ainda mais a situação dos seus empregados.